A mudança para a logística marítima é também uma resposta ao desafio das rodovias sobrecarregadas e frequentemente mal conservadas no Brasil. A dependência histórica do transporte rodoviário tem levado a custos elevados e a problemas de eficiência, especialmente em regiões mais remotas. “A logística marítima oferece uma alternativa mais sustentável e econômica, particularmente para o transporte de grandes volumes e cargas pesadas”, destaca Mariana Santos, especialista em logística da Confederação Nacional do Transporte (CNT).
Segundo dados da agência Gov, o volume de cargas movimentadas pelos portos brasileiros cresceu 8% em abril de 2024, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Esse aumento é atribuído a uma série de melhorias na infraestrutura portuária e à ampliação das capacidades operacionais. “Os investimentos em modernização e expansão dos portos têm sido cruciais para atender à crescente demanda por transporte marítimo”, afirma Roberto Gallo, presidente da ABTP.
Além disso, a política de incentivo ao uso de modais mais sustentáveis tem contribuído para essa transição. O governo federal, por meio do Plano Nacional de Logística Portuária (PNLP), tem promovido incentivos fiscais e financiamentos para projetos que visem à melhoria da infraestrutura portuária e ao desenvolvimento de novas rotas marítimas. “Estamos comprometidos em reduzir a pegada de carbono do setor de transporte e promover um sistema logístico mais integrado e eficiente”, disse o Ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio.
Empresas de diversos setores têm se beneficiado dessa mudança. A indústria do agronegócio, por exemplo, está utilizando cada vez mais as rotas marítimas para exportar produtos como soja, milho e carne. De acordo com o relatório completo divulgado pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE), a exportação de grãos por via marítima cresceu 12% no último ano. Segundo dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), 160 milhões de toneladas de cargas foram transportadas por cabotagem de janeiro a outubro do ano passado.
Paralelamente, o aumento do comércio eletrônico também tem impulsionado a demanda por logística marítima. Grandes varejistas e plataformas de e-commerce estão investindo em soluções de transporte intermodal que combinam eficiência e sustentabilidade.
Para Vitor Barbosa, Diretor Executivo da C-Freight empresa que atua no setor de transporte no modal marítimo, o comércio eletrônico exige uma logística ágil e confiável, e o transporte marítimo tem se mostrado uma solução viável para atender a essas necessidades. Ainda segundo Vitor, “a mudança na logística brasileira para a rota marítima reflete uma busca por soluções mais eficientes, econômicas e sustentáveis. Com investimentos contínuos em infraestrutura portuária e políticas de incentivo, o Brasil está bem posicionado para aproveitar os benefícios dessa transição, promovendo um sistema logístico mais robusto e competitivo”.